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sábado, 29 de janeiro de 2011

Que lugar é este?

 Existem 67 parques ecológicos no Distrito Federal. A maioria deles está totalmente abandonada, sem infra-estrutura, sem cerca, sem placas indicativas, sem proteção do Estado. Nem a população os conhece
Rachel Librelon
Da equipe do Correio
Sessenta e sete parques ecológicos e o retrato do abandono: somente onze estão cercados, têm infra-estrutura e estão em condições de serem usados pela comunidade. Os números são da Secretaria de Parques e Unidades de Conservação (Comparques). Quarenta e três não estão cercados e, em alguns casos, não há placas indicando que o espaço é uma área de proteção ambiental. O que oficialmente recebe o nome de parque, muitas vezes, não passa de um pedaço de terra que parece não ter dono, um convite para invasores. A comunidade simplesmente ignora que a mata ao lado de casa é, na verdade, um parque.
Segundo o secretário da Comparques, Ênio Dutra, o orçamento deste ano prevê 12 milhões para cercar as unidades (cada cerca fica entre R$ 600 mil e R$ 1 milhão) e nada para a urbanização das áreas. Além de dinheiro, a implementação efetiva dos parques depende muito do empenho e disposição da população em lutar pela causa, embora os decretos de criação dos parques definam que “a implementação, administração e manutenção do parque são competência da Secretaria de Estado de Administração de Parques e Unidades de Conservação”. “Os parques surgem, na maioria das vezes, por demanda da sociedade. Cada comunidade tem interesse em ter o seu”, diz o secretário de Parques, dando a razão pela qual as unidades de conservação se multiplicam. Só este ano, quatro passaram a existir no papel.
Para Kátia Lemos, promotora de Justiça de Defesa do Meio Ambiente e Patrimônio Cultural do DF (Prodema), além de ter a obrigação de criar os parques, cabe à administração pública elaborar um plano de manejo e pretende incentivar a criação de conselhos gestores, com a participação de representantes da comunidade local para definir como deve ser usado e preservado o espaço. “O papel das associações é fundamental, mas não exclui a participação do Estado”, adianta. Segundo ela, o Ministério Público já enviou uma recomendação alertando para a urgência de se providenciar o conselho e acertar o zoneamento dos parques. “Criar parque é positivo, mas a administração é omissa na hora de definir a utilização e estruturação do espaço”, avalia.
A conselheira do Fórum das OnGs Ambientalistas do DF e Entorno, Mara Moscoso, concorda que a parceria entre governo e sociedade é fundamental para a efetiva implementação dos parques e que a comunidade deve participar. “Não questiono a importância de se criar esses espaços e de a população ajudar. Novos parques são bem-vindos, é um começo, mas é preciso ter projetos definidos do governo”, afirma. Ela acrescenta que, ao se criar um parque, não se pode deixar de lado uma das principais causas que levam à criação das áreas: a sua preservação. Mara comenta que a maioria dos parques mais recentes do DF foi implementado depois de muita luta da comunidade.
Parque das Sucupiras
É o caso do Parque das Sucupiras, criado no mês passado. O empenho dos moradores do Sudoeste para transformar a área ao lado do Eixo Monumental, na altura da Catedral Rainha da Paz, em área de preservação começou faz cinco anos. Há pouco mais de um ano, formou-se uma associação para defender o lugar. “O decreto oficial é um ponto de partida, mas, na prática, muda muito pouco. Começa agora uma nova etapa para pensar na urbanização do parque”, diz Fernando Lopes, da Associação dos Amigos do Parque da Sucupira. Para que seja implementada infra-estrutura no local, a comunidade e o governo devem discutir e criar um plano de manejo.
“A verdade é que cuidar e manter parques, embora seja obrigação do poder público, não é prioridade”, sentencia o professor da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Brasília (UnB), Luiz Melo, pesquisador em paisagismo e parques urbanos. Ele explica que Parques de Uso Múltiplo e Ecológico aceitam que a população deles usufrua. No entanto, na maioria dos casos, o planejamento urbanístico é deixado para segundo plano. “Resta à população se apropriar do espaço para melhorá-la, se quiser ter uma área de lazer e contemplação da natureza”, conclui.

Confusão de nomes
Parque Ecológico, Parque de Uso Múltiplo, Parque Ecológico e Vivencial, Parque Urbano, Parque Metropolitano, Parque Recreativo. A nomenclatura que deveria definir o uso de cada unidade de conservação não segue um padrão. A partir do título que determinado parque recebe não é possível saber qual é o uso a ser feito dele. “Existem apenas dois tipos de parque: o ecológico e o ecológico de uso múltiplo. O primeiro tem um apelo ambiental muito forte e deve ser usado basicamente para pesquisa e educação ambiental. O segundo visa tanto ser usado para preservação quanto para o uso da comunidade”, explica o secretário de Parques e Unidades de Conservação, Ênio Dutra. Na prática, a confusão é total. Apesar da denominação, o Parque Ecológico e Vivencial da Canjerana, na QL 22/24 do Lago Sul, tem como propósito primeiro a conservação, segundo o próprio secretário. O Parque Sarah Kubitschek é de Uso Múltiplo. Para acabar com a festa dos nomes, tramita na Câmara Legislativa do Distrito Federal, o projeto do Sistema Distrital de Unidades de Conservação (SDUC). A exemplo do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), existente desde 2000, a proposta padroniza as denominações e define cada uma delas. O Projeto de Lei Complementar 062/2003, da deputada Eliana Pedrosa (PFL), está na Comissão de Constituição e Justiça. O projeto define sete categorias para o grupo das unidades de Uso Sustentável. São elas: Área de Proteção Ambiental, Área de Proteção de Mananciais, Área de Relevante Interesse Ecológico, Floresta Distrital, Parque Ecológico, Reserva de Fauna e Reserva Particular do Patrimônio Natural. Essas unidades podem ser exploradas desde que haja manutenção dos recursos ambientais e processos ecológicos e o uso seja democrático e economicamente viável. No Parque Ecológico, além da preservação, também devem ser incentivadas atividades de pesquisa, educação ambiental e de lazer e recreação. (RL)

Sucupiras, tizius, quedas d’água
Não há privilégio: todas as cidades, desde o Plano Piloto até as mais afastadas, têm um ou mais parques ecológicos. É o cerrado com sua riqueza de flora e fauna, mas sem a proteção necessária
Um dos mais novos parques da cidade, o das Sucupiras ocupa área nobre no Plano Piloto. Fica entre a área econômica do Setor Sudoeste e o Eixo Monumental. São cerca de 22 hectares de cerrado nativo e preservado. Quem passa pelo parque pode apreciar o vôo de nhambus, gaviões, tizius, e a beleza das orquídeas do cerrado, de pequenas frutas nativas, muitas sucupiras e pequizeiros. Mas o parque sofre diariamente com a presença de moradores de rua e carroceiros. Ainda não está cercado nem tem nenhuma infra-estrutura. É somente uma área de cerrado em meio à vida urbana.
Morador do Setor Norte do Gama, Marco Moreno já se cansou de promessas. O parque de 52 hectares perto de casa foi visitado várias vezes por comissões que se propunham a agilizar a implantação do parque. Também foram feitos apelos em emissoras de televisão, de rádio e jornal impresso. “Ouvi que isso vai virar um parque mesmo até o final deste ano. Vamos ver”, diz o homem que há dez anos luta pela causa.
Por ora, o lugar mais parece um terreno abandonado, ao lado da feira permanente da cidade. O lazer se resume a campos de futebol de terra batida. Recentemente, algumas mudas de árvores foram plantadas no local. A reivindicação do Conselho do Setor Norte do Gama, da qual Moreno é presidente, é que o parque seja preservado e usado pela comunidade para a prática de exercícios físicos. “Até lá, a gente tem que ficar sempre vigiando, senão perdemos o espaço”, afirma.

Retratos da natureza
“Já cortaram pequizeiros”
A briga do produtor rural Miguel Monteiro da Silva, 59 anos, pelo Parque dos Pequizeiros, em Planaltina, o maior do DF, com 783 hectares, começou antes mesmo de o parque ser criado no papel, em 1999. Há 12 anos, ele luta para que chacareiros não tomem conta do lugar. “Já cortaram pequizeiros demais aqui. Tiraram terra e deixaram um monte de crateras no chão. Acho que tenho obrigação de cuidar disso porque esse lugar está cheio de minas d’água e a gente precisa disso para viver”, diz o homem. Há alguns meses, o parque foi cercado, mas ainda falta infra-estrutura. O plano de manejo ainda não está pronto e a única obra no local é uma pequena construção de alvenaria. Boa parte da comunidade do Núcleo Rural Santos Dumont, onde fica o parque, ainda não sabe que mora do lado de uma belíssima área de preservação. “Só quem entra nesse mato de vez em quando são uns jovens. Mas eles usam do jeito errado. Fazem bagunça e deixam lixo”, conta o guardião do lugar.
“Ninguém cuida disso”
É muito provável que um visitante não consiga chegar ao Parque Ecológico e Vivencial do Retirinho, em Planaltina. Com uma parte ocupada por chácaras e outra cercada com arame farpado, nada indica que ali há um parque. Nem na escola que fica a alguns metros da reserva que 663 hectares. Na entrada, uma porteira trancada confunde os desavisados. “Ninguém cuida disso aqui não. Vieram, desapropriaram um bom pedaço, foram embora e ninguém saiu de onde estava. Já ouvi falar que vão fechar, cercar direitinho. Conversa…”, diz, cético, o chacareiro Ronei Menezes, 46 anos, morador da região há 23. Consciente, o homem simples se preocupa com as nascentes. “Só acho ruim tirar o pessoal que está aqui. Para onde essa gente vai?”, questiona.
“Abandonado de dar pena”
Não há cerca nem placas demarcando o Parque Ecológico da Cachoeirinha, no Paranoá. Só depois de pedir muitas informações se chega lá. Na entrada do parque, um caminho que corta a mata leva a uma belíssima e escondida cachoeira. Mas o paraíso que deveria estar preservado não tem lei. Nos finais de semana, o movimento é intenso. Gente à procura da queda d’água deixa o lixo para trás. Há galinhas mortas, velas, garrafas com bebidas, pratos de barro, sinas de atividades de magia. “Um lugar tão bonito e tão abandonado é de dar pena”, diz José Valdi Gonçalves, 48 anos, morador da chácara que fica em frente ao parque. Há cerca de oito meses, fiscais avisaram ao operador de equipamentos que ele morava dentro do parque. “Estou aqui há muito tempo, antes disso ser parque. Além do que, da minha parte eu cuido”, garante.

De Ceilândia ao Lago Sul
? Parque Ecológico Águas Claras
? Parque do Areal (Águas Claras)
? Parque de Uso Múltiplo Vila Planalto
? Parque das Aves (Brasília)
? Parque de Uso Múltiplo da Asa Sul
? Parque Olhos d’Água
? Parque Sarah Kubitschek (Brasília)
? Parque Ecológico Veredinha (Brazlândia)
? Parque Ecológico e Vivencial da Candangolândia
? Parque das Corujas (Ceilândia)
? Parque Ecológico e Vivencial do Rio Descoberto (Ceilândia)
? Parque da Lagoinha (Ceilândia)
? Parque Ecológico Metropolitano (Ceilândia)
? Parque Recreativo do Setor O
? Parque Urbano e Vivencial do Gama
? Parque Recreativo do Gama (Prainha)
? Parque Ecológico e Vivencial Ponte Alta - Gama
? Parque Vivencial Denner (Guará)
? Parque Ecológico e Vivencial Bosque dos Eucaliptos (Guará)
? Parque Ecológico Ezechias Heringer (Guará)
? Parque Ecológico das Garças (Lago Norte)
? Parque Ecológico Taquari (Lago Norte)
? Parque Morro do Careca (Lago Norte)
? Parque de Uso Múltiplo do Lago Norte
? Parque Ecológico do Rasgado (Lago Sul)
? Parque das Copaíbas (Lago Sul)
? Parque Ecológico e Vivencial Canjerana (Lago Sul)
? Parque Ecológico Garça Branca (Lago Sul)
? Parque Ecológico Dom Bosco (Lago Sul)
? Parque Ecológico Península Sul
? Parque Vivencial Anfiteatro Natural do Lago Sul
? Parque Ecológico Córrego da Onça (Núcleo Bandeirante)
? Parque Luiz Cruls (Núcleo Bandeirante)
? Parque Ecológico Lauro Muller (Núcleo Bandeirante)
? Parque Recreativo do Núcleo Bandeirante
? Parque Urbano do Paranoá
? Parque Ecológico da Cachoeirinha (Paranoá)
? Parque Ecológico e Vivencial do Retirinho (Planaltina)
? Parque Ecológico Vale do Amanhecer (Planaltina)
? Parque Ecológico e Vivencial Estância (Planaltina)
? Parque Ecológico e Vivencial Cachoeira do Piripau (Planaltina)
? Parque Recreativo Sucupira (Planaltina)
? Parque Ecológico e Vivencial da Lagoa Joaquim de Medeiros (Planaltina)
? Parque Ecológico dos Pequizeiros (Planaltina)
? Parque Ecológico do DER (Planaltina)
? Parque Ambiental Colégio Agrícola de Brasília (Planaltina)
? Parque Ecológico e Vivencial Recanto das Emas
? Parque Ecológico e Vivencial do Riacho Fundo
? Parque Gatumé (Samambaia)
? Parque Três Meninas (Samambaia)
? Parque Boca da Mata (Samambaia)
? Parque Recreativo de Santa Maria
? Parque Ecológico Tororó (Santa Maria)
? Parque São Sebastião
? Parque dos Jequitibás (Sobradinho)
? Parque Recreativo e Ecológico Canela de Ema (Sobradinho)
? Parque Ecológico e Vivencial de Sobradinho
? Parque Recreativo de Sobradinho II
? Parque Ecológico das Sucupiras (Sudoeste)
? Parque Urbano Bosque do Sudoeste
? Parque Recreativo Taguatinga
? Parque Ecológico Irmão Afonso Haus ( Taguatinga)
? Parque Ecológico Saburo Onoyama (Taguatinga)
? Parque Ecológico Lago Cortado (Taguatinga)
? Parque Ecológico e Vivencial Vila Varjão
? Parque Burle Marx (Brasília)
? Parque Ecológico Rio Descoberto (Ceilândia)

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Membros da comunidade local se engajam no projeto de revitalização do Parque Três Meninas

Mara Puljiz Publicação: 15/12/2009 08:43 Atualização: 15/12/2009 08:49

Um grupo de quatro moradores de Samambaia resolveu arregaçar as mangas para recuperar o Parque Três Meninas(1). Há dois dias, eles abriram buracos e, com ajuda de enxadas e pás, plantaram 28 mudas de árvores frutíferas, como cajuzinho-do-cerrado, pequi, mutamba e jamelão (veja quadro). As mudas foram doadas por uma mulher que cultiva as plantas em casa e apoia o movimento de preservação. De acordo com um dos líderes do Movimento Revitalização Parque Três Meninas (MRP), Sérgio Monroe, a iniciativa faz parte de um projeto que visa à criação de um bosque no local e a recuperação da área, abandonada há dez anos.
Sérgio Monroe, Eduilson Barrros, Iolanda Rocha e Luiz Alberto Martins: mãos à obra para semear árvores (Ronaldo de Oliveira/CB/D.A Press)
Sérgio Monroe, Eduilson Barrros, Iolanda Rocha e Luiz Alberto Martins: mãos à obra para semear árvores


Para a professora Iolanda Rocha, é preciso que a comunidade participe das ações realizadas no local. “A mobilização das pessoas é muito importante do ponto de vista educacional, cultural, ambiental e para a própria qualidade de vida de nós todos”, explicou ela. Além da preocupação ambiental, o grupo luta para que toda a área física de 72 hectares seja revitalizada. Outro integrante do grupo e morador da cidade, Luiz Alberto Pimentel, lembra que na antiga fazenda funcionavam uma biblioteca comunitária, uma sala de leitura e um casarão colonial. O espaço, entretanto, pegou fogo em 2005 e desde então permanece sem uso. “Não temos parque para as crianças visitarem, com trilhas para conhecerem o cerrado e as grutas”, reclamou.

Licitação

Em 2007, o governo local destinou R$ 467 mil para reforma da sede administrativa, construção de guaritas, banheiros, quadras poliesportivas e sinalização, mas o projeto ainda está em fase de licitação. Segundo o administrador do parque, José Fernando Rodrigues, a expectativa é que, até o fim do primeiro semestre de 2010, as obras de revitalização tenham início. O valor subiu para aproximadamente R$ 1 milhão, quantia que deve ser investida no cercamento do parque, no plantio de árvores, na reforma da sede administrativa e na construção de quadras poliesportivas, um museu arqueológico, guaritas, banheiros e sinalização. Fernando explica que a demora ocorreu em razão do processo de licitação e não por falta de recursos.

Enquanto isso, o grupo conta que o espaço vem sendo tomado pelo mato e utilizado por pessoas mal intencionadas. Eles avaliam que cercar o parque não é a melhor alternativa. “Cercas, as pessoas derrubam. O interessante seria criar uma pista de cooper ao redor para ser utilizada por famílias e ciclistas”, avalia Sérgio Monroe. Os integrantes do movimento reclamam ainda que, no último dia 7, estava prevista uma audiência pública com o Ministério Público, mas ela foi remarcada para fevereiro de 2010, sem dia definido. “As coisas nunca saem do papel e, enquanto isso, o cerrado vem sendo castigado”, reivindicou Sérgio. Uma comunidade no Orkut foi criada para debater os assuntos relacionados ao parque e conta com 428 membros, até então. “A comunidade de Samambaia já está questionando as obras e quer que ver o parque recuperado”, destacou Iolanda. Segundo ela, diversos debates também estão sendo promovidos nas escolas.


1 - Antes, uma fazenda
O Parque Três Meninas foi criado pela Lei Nº 576, de 26 de outubro de 1993. Antes disso, uma família tinha a concessão de uso do terreno. O proprietário era um advogado e pai de três meninas, razão pela qual batizou a fazenda com esse nome, em homenagem às filhas. Cada uma ganhou de presente do pai uma pequena casa dentro do lote. Hoje, esses espaços estão abandonados e tomados por entulhos.

Colaborou Naira Trindade


As espécies

Cajuzinho-do-cerrado
Espécie nativa do Brasil que ocorre principalmente no Planalto Central. Pode atingir cerca de 80cm. O fruto, de cor vermelha, tem polpa branca e é comestível. No interior de Goiás, o cajuzinho-do-cerrado é muito utilizado no preparo de doces e geleias.

Mutamba
Planta medicinal utilizada para o tratamento de asma e problemas respiratórios. No Brasil, é usada no combate a febres, tosses, bronquite, asma e pneumonia. Em estudos pré-clínicos, foi demonstrada a propriedade hipotensora, relaxante do músculo liso e estimulante do útero. Da mutamba, extrai-se um óleo vegetal muito utilizado pelos antigos indígenas do Pará, especialmente no alisamento e proteção solar dos cabelos.

Jamelão
Fruto de uma árvore com origem da Índia. Pode chegar a até 10m de altura e possui flores francas e frutos pequenos e arroxeados, quando maduros. A coloração dos frutos provoca manchas nas mãos, tecidos, calçados e pintura de veículos, tornando a planta pouco indicada para o preenchimento de espaços públicos. O fruto possui uma semente única e grande, envolta por uma polpa carnosa. Na Índia, é usado na confecção de doces e tortas.



Movimento Pelos Parques do DF


Grupo de Samambaia se uniu para recuperar área degradada do Parque Três Meninas
Voluntários plantaram mudas de plantas típicas da flora do Centro-Oeste para recuperação do cerrado


Thaís Paranhos - Especial para o Correio Braziliense


A natureza agradece a iniciativa de moradores de Samambaia e simpatizantes das causas ambientais. Vinte voluntários plantaram ontem cerca de 100 mudas de espécies nativas do cerrado no Parque Três Meninas. Eles criaram o Bosque do Cajuzinho e trabalharam durante toda a manhã na segunda etapa do projeto de recuperação de parte da área degradada do parque. A iniciativa é do Movimento de Resgate do Parque Três Meninas, criado há um ano para atuar com a comunidade em prol da revitalização e preservação do espaço. Também participaram membros do grupo Cerrado Vivo. Entre as espécies plantadas, havia mudas de jenipapo, cajuzinho-do-cerrado e alguns tipos de ipês. O local faz parte da Área de Relevante Interesse Ecológico Juscelino Kubitschek (Arie JK).

Localizado na QR 609/611, o Parque Três Meninas tem 72 hectares e pode proporcionar à comunidade atividades de lazer e convivência com a natureza, mas hoje sofre com a falta de manutenção. Em 2007, o GDF garantiu a liberação de R$ 467 mil para a construção de guaritas, banheiros, quadras poliesportivas e sinalização. Até hoje a revitalização não saiu do papel e o mato alto tomou conta do espaço. O parque é dividido em três partes: uma área de preservação ambiental, outra destinada a atividades culturais e educativas e uma terceira, voltada para o lazer da população.

Uma das coordenadoras do movimento, Iolanda Rocha, aponta como o principal problema enfrentado pelo parque o abandono da administração. “Nós entendemos que esse descaso é intencional, porque existe dinheiro para cuidar disso aqui”, revolta-se. Os quatro coordenadores do movimento criaram o grupo para devolver a área de lazer à comunidade, com trilhas, pistas de cooper e toda a estrutura necessária que um parque deve oferecer aos usuários, além de recuperar a área de cerrado que foi degradada e garantir a preservação da vida ecológica. O professor universitário aposentado Jacy Guimarães trabalha hoje com educação ambiental e preservação da fauna e da flora do cerrado. “A situação do planeta é tão séria e nós estamos perdendo muita biodiversidade. Então resolvi doar o resto da minha vida por essa causa”, diz o professor que dedica os dias para recuperar o bioma em algumas áreas do Distrito Federal e do estado de Goiás. Jacy acredita que a comunidade não sabe a importância que o cerrado tem e simplesmente o ignora. “A natureza é sábia. Quando eu planto uma muda, pergunto onde ela quer ficar”, conta o professor que se diverte ao dizer que as pessoas o chamam de doido por causa disso. Ele levou mudas de lobeira, ingá e jatobá-do-campo para serem plantadas ontem.

Preocupação
- A estudante Renata de Castro, 17 anos, moradora da Asa Norte, sempre se preocupou com as questões ambientais e conheceu o Movimento de Resgate do Parque Três Meninas ao participar de uma manifestação na Esplanada dos Ministérios do grupo Cerrado Vivo. “Me interesso muito por esse assunto e sempre dou uma força quando a iniciativa gera um bem maior”, diz. A também estudante Nayara Dias, 19 anos, moradora de Samambaia, conheceu os membros do movimento por meio de uma rede de relacionamentos na internet. “Samambaia é muito rica em termos ecológicos. Temos três parques na cidade e precisamos preservá-los”, invoca. Segundo a assessoria de imprensa da Administração Regional de Samambaia, o orçamento destinado à recuperação do Parque Três Meninas foi aprovado pela Câmara Legislativa do Distrito Federal, mas o dinheiro não foi liberado para o início das obras. Ainda de acordo com a assessoria, o órgão tem conhecimento do problema no espaço e apoia a comunidade, mas afirma que não tem autonomia financeira para atuar na revitalização do parque. Ninguém do Instituto Brasília Ambiental (Ibram) e da administração do parque foi encontrado pelo Correio para comentar o assunto.

Para saber mais


Antiga chácara
A Lei Distrital nº 576 de 1993 determinou a criação oficial do Parque Três Meninas. Na década de 1960, a área era ocupada por uma chácara que tinha o mesmo nome por causa de três casas de bonecas construídas pelo proprietário para as filhas. A área se tornou propriedade do governo na década de 1980 e, logo depois, passou a ser utilizada como escritório para a distribuição de lotes para a construção de Samambaia. Após a fundação da região administrativa, em 1989, a chácara chegou a abrigar a extinta Casa da Cultura, uma escola classe, um posto de saúde e um assentamento.

Algumas das espécies plantadas pelo grupo


Ipê-amarelo - Há várias espécies de ipê-amarelo plantadas pelas ruas do Distrito Federal, que pouco se diferenciam umas das outras. Elas podem ser vistas nos eixos rodoviários Norte e Sul, Eixo Monumental, Esplanada dos Ministérios, Setor Militar Urbano (SMU), Parque da Cidade entre outros. Algumas espécies se mostraram bem adaptadas a solos mais pobres. No DF, durante o período chuvoso, o ipê-amarelo perde todas as folhas, que reaparecem na época da seca.

Lobeira
- A espécie de nome científico Solanum lycocarpum leva esse nome porque o fruto serve de alimentação para os lobos-guará. A árvore tem tronco áspero e em tons de amarelo, e a copa fica verde durante todo o ano. Com aproximadamente 2cm de comprimento, as flores roxas aparecem antes do mês de março, quando os frutos começam a amadurecer. O alimento do lobos-guará tem uma polpa amarelada, muito usada para a fabricação de doces caseiros.

Cagaita
- A cagaiteira (Eugenia dysenterica) é uma árvore típica de cerrado e cerradões e pode ser encontrada em estados das regiões Centro-Oeste, Norte, Nordeste e Sudeste do país. As flores brancas da espécie têm atém 2cm de diâmetro e costumam aparecer em agosto e setembro, seguidas da frutificação. A cagaita costuma amadurecer nas primeiras chuvas. O fruto pode se consumido in natura e também é muito usado na fabricação de sorvetes, sucos e geleias. 


sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

O Presidente do IBAMA se demitiu




O Presidente do IBAMA se demitiu ontem sob forte pressão para permitir a construção do desastroso Complexo Hidrelétrico de Belo Monte, que iria devastar uma área imensa da Amazônia e expulsar milhares de pessoas. Proteja a Amazônia seus povos e suas espécies -- assine a petição para Presidente Dilma contra a barragem e pedindo eficiência energética:

O Presidente do IBAMA se demitiu ontem devido à pressão para autorizar a licença ambiental de um projeto que especialistas consideram um completo desastre ecológico: o Complexo Hidrelétrico de Belo Monte.

A mega usina de Belo Monte iria cavar um buraco maior que o Canal do Panamá no coração da Amazônia, alagando uma área imensa de floresta e expulsando milhares de indígenas da região. As empresas que irão lucrar com a barragem estão tentando atropelar as leis ambientais para começar as obras em poucas semanas.

A mudança de Presidência do IBAMA poderá abrir caminho para a concessão da licença – ou, se nós nos manifestarmos urgentemente, poderá marcar uma virada nesta história. Vamos aproveitar a oportunidade para dar uma escolha para a Presidente Dilma no seu pouco tempo de Presidência: chegou a hora de colocar as pessoas e o planeta em primeiro lugar. Assine a petição de emergência para Dilma parar Belo Monte – ela será entregue em Brasília, quando conseguirmos 150.000 assinaturas:

https://secure.avaaz.org/po/pare_belo_monte/?vl

Abelardo Bayama Azevedo, que renunciou à Presidência do IBAMA, não é a primeira renúncia causada pela pressão para construir Belo Monte. Seu antecessor, Roberto Messias, também renunciou pelo mesmo motivo ano passado, e a própria Marina Silva também renunciou ao Ministério do Meio Ambiente por desafiar Belo Monte.

A Eletronorte, empresa que mais irá lucrar com Belo Monte, está demandando que o IBAMA libere a licença ambiental para começar as obras mesmo com o projeto apresentando graves irregularidades. Porém, em uma democracia, os interesses financeiros não podem passar por cima das proteções ambientais legais – ao menos não sem comprarem uma briga.

A hidrelétrica iria inundar 100.000 hectares da floresta, impactar centenas de quilômetros do Rio Xingu e expulsar mais de 40.000 pessoas, incluindo comunidades indígenas de várias etnias que dependem do Xingu para sua sobrevivência. O projeto de R$30 bilhões é tão economicamente arriscado que o governo precisou usar fundos de pensão e financiamento público para pagar a maior parte do investimento. Apesar de ser a terceira maior hidrelétrica do mundo, ela seria a menos produtiva, gerando apenas 10% da sua capacidade no período da seca, de julho a outubro.

Os defensores da barragem justificam o projeto dizendo que ele irá suprir as demandas de energia do Brasil. Porém, uma fonte de energia muito maior, mais ecológica e barata está disponível: a eficiência energética. Um estudo do WWF demonstra que somente a eficiência poderia economizar o equivalente a 14 Belo Montes até 2020. Todos se beneficiariam de um planejamento genuinamente verde, ao invés de poucas empresas e empreiteiras. Porém, são as empreiteiras que contratam lobistas e tem força política – a não ser claro, que um número suficiente de nós da sociedade, nos dispormos a erguer nossas vozes e nos mobilizar.

A construção de Belo Monte pode começar ainda em fevereiro.O Ministro das Minas e Energia, Edson Lobão, diz que a próxima licença será aprovada em breve, portanto temos pouco tempo para parar Belo Monte antes que as escavadeiras comecem a trabalhar. Vamos desafiar a Dilma no seu primeiro mês na presidência, com um chamado ensurdecedor para ela fazer a coisa certa: parar Belo Monte, assine agora:

https://secure.avaaz.org/po/pare_belo_monte/?vl

Acreditamos em um Brasil do futuro, que trará progresso nas negociações climáticas e que irá unir países do norte e do sul, se tornando um mediador de bom senso e esperança na política global. Agora, esta esperança será depositada na Presidente Dilma. Vamos desafiá-la a rejeitar Belo Monte e buscar um caminho melhor. Nós a convidamos a honrar esta oportunidade, criando um futuro para todos nos, desde as tribos do Xingu às crianças dos centros urbanos, o qual todos nós podemos ter orgulho.

Com esperança

Ben, Graziela, Alice, Ricken, Rewan e toda a equipe da Avaaz

Fontes:

Belo Monte derruba presidente do Ibama:
http://colunas.epoca.globo.com/politico/2011/01/12/belo-monte-derruba-presidente-do-ibama/

Belo Monte será hidrelétrica menos produtiva e mais cara, dizem técnicos:
http://g1.globo.com/economia-e-negocios/noticia/2010/04/belo-monte-sera-hidreletrica-menos-produtiva-e-mais-cara-dizem-tecnicos.html

Vídeo sobre impacto de Belo Monte:
http://www.youtube.com/watch?v=4k0X1bHjf3E

Uma discussão para nos iluminar:
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20101224/not_imp657702,0.php

Questão de tempo:
http://oglobo.globo.com/economia/miriam/posts/2011/01/13/questao-de-tempo-356318.asp

Dilma: desenvolvimento com preservação do meio ambiente é "missão sagrada":
http://www.pernambuco.com/ultimas/nota.asp?materia=20110101161250&assunto=27&onde=Politica

Em nota, 56 entidades chamam concessão de Belo Monte de 'sentença de morte do Xingu':
http://oglobo.globo.com/economia/mat/2010/08/26/em-nota-56-entidades-chamam-concessao-de-belo-monte-de-sentenca-de-morte-do-xingu-917481377.asp

Marina Silva considera 'graves' as pressões sobre o Ibama:
http://www.estadao.com.br/noticias/economia,marina-silva-considera-graves-as-pressoes-sobre-o-ibama,475782,0.htm

Segurança energética, alternativas e visão do WWF-Brasil:
http://assets.wwfbr.panda.org/downloads/posicao_barragens_wwf_brasil.pdf


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