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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Membros da comunidade local se engajam no projeto de revitalização do Parque Três Meninas

Mara Puljiz Publicação: 15/12/2009 08:43 Atualização: 15/12/2009 08:49

Um grupo de quatro moradores de Samambaia resolveu arregaçar as mangas para recuperar o Parque Três Meninas(1). Há dois dias, eles abriram buracos e, com ajuda de enxadas e pás, plantaram 28 mudas de árvores frutíferas, como cajuzinho-do-cerrado, pequi, mutamba e jamelão (veja quadro). As mudas foram doadas por uma mulher que cultiva as plantas em casa e apoia o movimento de preservação. De acordo com um dos líderes do Movimento Revitalização Parque Três Meninas (MRP), Sérgio Monroe, a iniciativa faz parte de um projeto que visa à criação de um bosque no local e a recuperação da área, abandonada há dez anos.
Sérgio Monroe, Eduilson Barrros, Iolanda Rocha e Luiz Alberto Martins: mãos à obra para semear árvores (Ronaldo de Oliveira/CB/D.A Press)
Sérgio Monroe, Eduilson Barrros, Iolanda Rocha e Luiz Alberto Martins: mãos à obra para semear árvores


Para a professora Iolanda Rocha, é preciso que a comunidade participe das ações realizadas no local. “A mobilização das pessoas é muito importante do ponto de vista educacional, cultural, ambiental e para a própria qualidade de vida de nós todos”, explicou ela. Além da preocupação ambiental, o grupo luta para que toda a área física de 72 hectares seja revitalizada. Outro integrante do grupo e morador da cidade, Luiz Alberto Pimentel, lembra que na antiga fazenda funcionavam uma biblioteca comunitária, uma sala de leitura e um casarão colonial. O espaço, entretanto, pegou fogo em 2005 e desde então permanece sem uso. “Não temos parque para as crianças visitarem, com trilhas para conhecerem o cerrado e as grutas”, reclamou.

Licitação

Em 2007, o governo local destinou R$ 467 mil para reforma da sede administrativa, construção de guaritas, banheiros, quadras poliesportivas e sinalização, mas o projeto ainda está em fase de licitação. Segundo o administrador do parque, José Fernando Rodrigues, a expectativa é que, até o fim do primeiro semestre de 2010, as obras de revitalização tenham início. O valor subiu para aproximadamente R$ 1 milhão, quantia que deve ser investida no cercamento do parque, no plantio de árvores, na reforma da sede administrativa e na construção de quadras poliesportivas, um museu arqueológico, guaritas, banheiros e sinalização. Fernando explica que a demora ocorreu em razão do processo de licitação e não por falta de recursos.

Enquanto isso, o grupo conta que o espaço vem sendo tomado pelo mato e utilizado por pessoas mal intencionadas. Eles avaliam que cercar o parque não é a melhor alternativa. “Cercas, as pessoas derrubam. O interessante seria criar uma pista de cooper ao redor para ser utilizada por famílias e ciclistas”, avalia Sérgio Monroe. Os integrantes do movimento reclamam ainda que, no último dia 7, estava prevista uma audiência pública com o Ministério Público, mas ela foi remarcada para fevereiro de 2010, sem dia definido. “As coisas nunca saem do papel e, enquanto isso, o cerrado vem sendo castigado”, reivindicou Sérgio. Uma comunidade no Orkut foi criada para debater os assuntos relacionados ao parque e conta com 428 membros, até então. “A comunidade de Samambaia já está questionando as obras e quer que ver o parque recuperado”, destacou Iolanda. Segundo ela, diversos debates também estão sendo promovidos nas escolas.


1 - Antes, uma fazenda
O Parque Três Meninas foi criado pela Lei Nº 576, de 26 de outubro de 1993. Antes disso, uma família tinha a concessão de uso do terreno. O proprietário era um advogado e pai de três meninas, razão pela qual batizou a fazenda com esse nome, em homenagem às filhas. Cada uma ganhou de presente do pai uma pequena casa dentro do lote. Hoje, esses espaços estão abandonados e tomados por entulhos.

Colaborou Naira Trindade


As espécies

Cajuzinho-do-cerrado
Espécie nativa do Brasil que ocorre principalmente no Planalto Central. Pode atingir cerca de 80cm. O fruto, de cor vermelha, tem polpa branca e é comestível. No interior de Goiás, o cajuzinho-do-cerrado é muito utilizado no preparo de doces e geleias.

Mutamba
Planta medicinal utilizada para o tratamento de asma e problemas respiratórios. No Brasil, é usada no combate a febres, tosses, bronquite, asma e pneumonia. Em estudos pré-clínicos, foi demonstrada a propriedade hipotensora, relaxante do músculo liso e estimulante do útero. Da mutamba, extrai-se um óleo vegetal muito utilizado pelos antigos indígenas do Pará, especialmente no alisamento e proteção solar dos cabelos.

Jamelão
Fruto de uma árvore com origem da Índia. Pode chegar a até 10m de altura e possui flores francas e frutos pequenos e arroxeados, quando maduros. A coloração dos frutos provoca manchas nas mãos, tecidos, calçados e pintura de veículos, tornando a planta pouco indicada para o preenchimento de espaços públicos. O fruto possui uma semente única e grande, envolta por uma polpa carnosa. Na Índia, é usado na confecção de doces e tortas.



Movimento Pelos Parques do DF


Grupo de Samambaia se uniu para recuperar área degradada do Parque Três Meninas
Voluntários plantaram mudas de plantas típicas da flora do Centro-Oeste para recuperação do cerrado


Thaís Paranhos - Especial para o Correio Braziliense


A natureza agradece a iniciativa de moradores de Samambaia e simpatizantes das causas ambientais. Vinte voluntários plantaram ontem cerca de 100 mudas de espécies nativas do cerrado no Parque Três Meninas. Eles criaram o Bosque do Cajuzinho e trabalharam durante toda a manhã na segunda etapa do projeto de recuperação de parte da área degradada do parque. A iniciativa é do Movimento de Resgate do Parque Três Meninas, criado há um ano para atuar com a comunidade em prol da revitalização e preservação do espaço. Também participaram membros do grupo Cerrado Vivo. Entre as espécies plantadas, havia mudas de jenipapo, cajuzinho-do-cerrado e alguns tipos de ipês. O local faz parte da Área de Relevante Interesse Ecológico Juscelino Kubitschek (Arie JK).

Localizado na QR 609/611, o Parque Três Meninas tem 72 hectares e pode proporcionar à comunidade atividades de lazer e convivência com a natureza, mas hoje sofre com a falta de manutenção. Em 2007, o GDF garantiu a liberação de R$ 467 mil para a construção de guaritas, banheiros, quadras poliesportivas e sinalização. Até hoje a revitalização não saiu do papel e o mato alto tomou conta do espaço. O parque é dividido em três partes: uma área de preservação ambiental, outra destinada a atividades culturais e educativas e uma terceira, voltada para o lazer da população.

Uma das coordenadoras do movimento, Iolanda Rocha, aponta como o principal problema enfrentado pelo parque o abandono da administração. “Nós entendemos que esse descaso é intencional, porque existe dinheiro para cuidar disso aqui”, revolta-se. Os quatro coordenadores do movimento criaram o grupo para devolver a área de lazer à comunidade, com trilhas, pistas de cooper e toda a estrutura necessária que um parque deve oferecer aos usuários, além de recuperar a área de cerrado que foi degradada e garantir a preservação da vida ecológica. O professor universitário aposentado Jacy Guimarães trabalha hoje com educação ambiental e preservação da fauna e da flora do cerrado. “A situação do planeta é tão séria e nós estamos perdendo muita biodiversidade. Então resolvi doar o resto da minha vida por essa causa”, diz o professor que dedica os dias para recuperar o bioma em algumas áreas do Distrito Federal e do estado de Goiás. Jacy acredita que a comunidade não sabe a importância que o cerrado tem e simplesmente o ignora. “A natureza é sábia. Quando eu planto uma muda, pergunto onde ela quer ficar”, conta o professor que se diverte ao dizer que as pessoas o chamam de doido por causa disso. Ele levou mudas de lobeira, ingá e jatobá-do-campo para serem plantadas ontem.

Preocupação
- A estudante Renata de Castro, 17 anos, moradora da Asa Norte, sempre se preocupou com as questões ambientais e conheceu o Movimento de Resgate do Parque Três Meninas ao participar de uma manifestação na Esplanada dos Ministérios do grupo Cerrado Vivo. “Me interesso muito por esse assunto e sempre dou uma força quando a iniciativa gera um bem maior”, diz. A também estudante Nayara Dias, 19 anos, moradora de Samambaia, conheceu os membros do movimento por meio de uma rede de relacionamentos na internet. “Samambaia é muito rica em termos ecológicos. Temos três parques na cidade e precisamos preservá-los”, invoca. Segundo a assessoria de imprensa da Administração Regional de Samambaia, o orçamento destinado à recuperação do Parque Três Meninas foi aprovado pela Câmara Legislativa do Distrito Federal, mas o dinheiro não foi liberado para o início das obras. Ainda de acordo com a assessoria, o órgão tem conhecimento do problema no espaço e apoia a comunidade, mas afirma que não tem autonomia financeira para atuar na revitalização do parque. Ninguém do Instituto Brasília Ambiental (Ibram) e da administração do parque foi encontrado pelo Correio para comentar o assunto.

Para saber mais


Antiga chácara
A Lei Distrital nº 576 de 1993 determinou a criação oficial do Parque Três Meninas. Na década de 1960, a área era ocupada por uma chácara que tinha o mesmo nome por causa de três casas de bonecas construídas pelo proprietário para as filhas. A área se tornou propriedade do governo na década de 1980 e, logo depois, passou a ser utilizada como escritório para a distribuição de lotes para a construção de Samambaia. Após a fundação da região administrativa, em 1989, a chácara chegou a abrigar a extinta Casa da Cultura, uma escola classe, um posto de saúde e um assentamento.

Algumas das espécies plantadas pelo grupo


Ipê-amarelo - Há várias espécies de ipê-amarelo plantadas pelas ruas do Distrito Federal, que pouco se diferenciam umas das outras. Elas podem ser vistas nos eixos rodoviários Norte e Sul, Eixo Monumental, Esplanada dos Ministérios, Setor Militar Urbano (SMU), Parque da Cidade entre outros. Algumas espécies se mostraram bem adaptadas a solos mais pobres. No DF, durante o período chuvoso, o ipê-amarelo perde todas as folhas, que reaparecem na época da seca.

Lobeira
- A espécie de nome científico Solanum lycocarpum leva esse nome porque o fruto serve de alimentação para os lobos-guará. A árvore tem tronco áspero e em tons de amarelo, e a copa fica verde durante todo o ano. Com aproximadamente 2cm de comprimento, as flores roxas aparecem antes do mês de março, quando os frutos começam a amadurecer. O alimento do lobos-guará tem uma polpa amarelada, muito usada para a fabricação de doces caseiros.

Cagaita
- A cagaiteira (Eugenia dysenterica) é uma árvore típica de cerrado e cerradões e pode ser encontrada em estados das regiões Centro-Oeste, Norte, Nordeste e Sudeste do país. As flores brancas da espécie têm atém 2cm de diâmetro e costumam aparecer em agosto e setembro, seguidas da frutificação. A cagaita costuma amadurecer nas primeiras chuvas. O fruto pode se consumido in natura e também é muito usado na fabricação de sorvetes, sucos e geleias.