O parque Três Meninas, na quadra 609/611 da Samambaia, é referência
histórica, cultural e ambiental na região desde a década de 60. Já foi
um importante centro de lazer para os moradores da cidade, porém, por
estar atualmente em condições bastante precárias, encontra-se esquecido.
É necessário o cercamento da área e de reformas nos banheiros, nas
quadras de esporte e na biblioteca, onde houve um incêndio em 2003. A
segurança também é um problema: por não possuir um portão e ter poucos
vigilantes, o parque tem sido alvo de vândalos e lugar para prostituição
e uso de drogas.
Lorena Santana |
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Juliana Daniel, Gerente de apoio da administração de Samambaia |
Ao assumir o governo do Distrito Federal em 2007, o ex-governador
José Roberto Arruda tinha o plano de revitalizar pelo menos um parque em
cada região administrativa, estando o Três Meninas incluído neste
projeto. Seriam liberados R$ 467 mil para a sua revitalização, porém de
acordo com a gerente de apoio da Administração de Samambaia Juliana
Daniel, a verba nunca foi liberada, e não se sabe ao certo por qual
razão. “O projeto do Arruda não foi concretizado, mas já temos um novo
processo em andamento e acreditamos que o próximo governo fará as
reformas necessárias”, conta Juliana.
Em julho do ano de 2008, o
parque ainda não tinha recebido as reformas necessárias. Foi quando
surgiu uma nova promessa: o Três Meninas foi contemplado no programa
Abrace Um Parque do Ibram (Instituto Brasília Ambiental). O programa
constava na revitalização de nove parques no Distrito Federal. Para este
projeto, o então governador autorizou recursos no total de R$
8.986.461,00. Em setembro de 2009, mais um ano tinha se passado, e o
descaso era o mesmo. A tão prometida revitalização não havia começado, e
o movimento criado por membros da comunidade local Movimento Resgate do Parque
Três Meninas decidiu mobilizar a população. Chamaram a atenção da mídia,
promoveram seminários e uma caminhada em defesa da área. Até hoje, o
movimento continua lutando. Um dos participantes, Eduilson Barros,
revela que o futuro governador Agnelo Queiroz já fez um compromisso com o
parque. “A obra já foi licitada pela Novacap e o plano de uso já está
pronto”, diz Luiz, que junto com mais de 50 moradores luta há anos por
melhoras no Três Meninas, que terá até um museu arqueológico se for de
fato revitalizado.
Quem trabalha no parque “desfruta” de um
ambiente bastante silencioso e calmo, já que os moradores não o
frequentam mais. Sirlene Conceição, funcionária do parque, diz que o
Três Meninas está “em estado de calamidade pública, tudo está caindo e
se despedaçando”, mas que aos poucos vem ocorrendo pequenas mudanças. “O
parque está precário, precisa de uma reforma geral. Recentemente
começaram as obras da quadra de esportes e haverá o cercamento do
parque. Mas no projeto original a prioridade é a reforma do casarão e
das três casinhas que deram nome ao parque”, diz Sirlene, que se refere
às casinhas de boneca das filhas do fundador do parque Enizil Penna
Marinho e de sua mulher Marta. Hoje as casinhas estão depredadas e
danificadas.
Lorena Santana |
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Nos locais em que eram oferecidas atividades ao público hoje só se vê abandono |
Na década de 60, a então chácara agrícola Três Meninas recebia
visitantes ilustres como Darcy Ribeiro e, supostamente, até o
guerrilheiro Che Guevara já a visitou. Os Marinho faziam saraus
culturais para seus convidados e criaram uma grande biblioteca aberta ao
público. Sempre valorizando a cultura e a educação, Marta Marinho
continuou se dedicando a preservação da área, mesmo depois da morte do
seu marido e da mudança para a Asa Norte. Na época em que era bem
preservado, o parque oferecia à população uma biblioteca, um posto de
troca de livros, uma escola primária, um instituto de saúde, além de
vários projetos sociais de esporte e lazer. Hoje, só restam ruínas:
Vidros e telhas quebrados, paredes pichadas, grama alta invadindo os
destruídos prédios que viraram moradia para cachorros de rua. Nessas
condições, o parque fica inacessível para a prática de lazer e cultura.