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segunda-feira, 25 de abril de 2011

Descaso e abandono de um patrimônio histórico

Escrito por Paula Torelly
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O parque Três Meninas, na quadra 609/611 da Samambaia, é referência histórica, cultural e ambiental na região desde a década de 60. Já foi um importante centro de lazer para os moradores da cidade, porém, por estar atualmente em condições bastante precárias, encontra-se esquecido. É necessário o cercamento da área e de reformas nos banheiros, nas quadras de esporte e na biblioteca, onde houve um incêndio em 2003. A segurança também é um problema: por não possuir um portão e ter poucos vigilantes, o parque tem sido alvo de vândalos e lugar para prostituição e uso de drogas.
Lorena Santana
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Juliana Daniel, Gerente de apoio da administração de Samambaia
Ao assumir o governo do Distrito Federal em 2007, o ex-governador José Roberto Arruda tinha o plano de revitalizar pelo menos um parque em cada região administrativa, estando o Três Meninas incluído neste projeto. Seriam liberados R$ 467 mil para a sua revitalização, porém de acordo com a gerente de apoio da Administração de Samambaia Juliana Daniel, a verba nunca foi liberada, e não se sabe ao certo por qual razão. “O projeto do Arruda não foi concretizado, mas já temos um novo processo em andamento e acreditamos que o próximo governo fará as reformas necessárias”, conta Juliana.

Em julho do ano de 2008, o parque ainda não tinha recebido as reformas necessárias. Foi quando surgiu uma nova promessa: o Três Meninas foi contemplado no programa Abrace Um Parque do Ibram (Instituto Brasília Ambiental). O programa constava na revitalização de nove parques no Distrito Federal. Para este projeto, o então governador autorizou recursos no total de R$ 8.986.461,00. Em setembro de 2009, mais um ano tinha se passado, e o descaso era o mesmo. A tão prometida revitalização não havia começado, e o movimento criado por membros da comunidade local Movimento Resgate do Parque Três Meninas decidiu mobilizar a população. Chamaram a atenção da mídia, promoveram seminários e uma caminhada em defesa da área. Até hoje, o movimento continua lutando. Um dos participantes, Eduilson Barros, revela que o futuro governador Agnelo Queiroz já fez um compromisso com o parque. “A obra já foi licitada pela Novacap e o plano de uso já está pronto”, diz Luiz, que junto com mais de 50 moradores luta há anos por melhoras no Três Meninas, que terá até um museu arqueológico se for de fato revitalizado.

Quem trabalha no parque “desfruta” de um ambiente bastante silencioso e calmo, já que os moradores não o frequentam mais. Sirlene Conceição, funcionária do parque, diz que o Três Meninas está “em estado de calamidade pública, tudo está caindo e se despedaçando”, mas que aos poucos vem ocorrendo pequenas mudanças. “O parque está precário, precisa de uma reforma geral. Recentemente começaram as obras da quadra de esportes e haverá o cercamento do parque. Mas no projeto original a prioridade é a reforma do casarão e das três casinhas que deram nome ao parque”, diz Sirlene, que se refere às casinhas de boneca das filhas do fundador do parque Enizil Penna Marinho e de sua mulher Marta. Hoje as casinhas estão depredadas e danificadas.
Lorena Santana
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Nos locais em que eram oferecidas atividades ao público hoje só se vê abandono
Na década de 60, a então chácara agrícola Três Meninas recebia visitantes ilustres como Darcy Ribeiro e, supostamente, até o guerrilheiro Che Guevara já a visitou. Os Marinho faziam saraus culturais para seus convidados e criaram uma grande biblioteca aberta ao público. Sempre valorizando a cultura e a educação, Marta Marinho continuou se dedicando a preservação da área, mesmo depois da morte do seu marido e da mudança para a Asa Norte. Na época em que era bem preservado, o parque oferecia à população uma biblioteca, um posto de troca de livros, uma escola primária, um instituto de saúde, além de vários projetos sociais de esporte e lazer. Hoje, só restam ruínas: Vidros e telhas quebrados, paredes pichadas, grama alta invadindo os destruídos prédios que viraram moradia para cachorros de rua. Nessas condições, o parque fica inacessível para a prática de lazer e cultura.